Começar o começo
Ao amigo Zema
Vovó era feirante, semianalfabeta
"semi", porque sabia soletrar
e assinar
"feirante" não porque viúva - mas trabalhadeira e precisava nos sustentar
Incentivava a minha educação -
faltar às aulas poderia resultar em chineladas - imaginava...
Eu aprendia como quem saboreava
(e me vem a tangerina: o pai ensina o filho a começar a descascar)
E tinha sim algumas ansiedades!
aprender a ler e escrever, ... a crescer...
_Vó, como fica o L, o H e o A?
A resposta matuta? acertava a inteligência:
_Eliaga-lhá!
_Mas, vó! F-O, fo; L-H-A, eliagalhá?! -
"foeliagalhá" não existe!
E a história se seguia com a família do "nh" -
"eniaga-nhó": "nieniaganhó?"
Assim, ela "começou o começo".