Simbolismo - olhos de mim
Deu com os olhos dela perdidos na sua figura. Ao que percebeu, ela franziu a testa como a disfarçar aquela admiração, deixando a expressão tomar forma na força de um raciocínio que desvendaria a lógica daqueles exercícios. Mas foi apanhado de maduro aquele vislumbre... Não podia ser! E a tentativa de extravio de pensamento mais o fazia ver no desvio dos olhos dela o já impresso estranhamento da cena. Decidiu: seria indiferente àquela claridade que emanava de seu ser dócil e febril, de seu... sua face menina e (...). Tempo dado, exercícios resolvidos; e os dela pela metade... O que consentia a réplica: enganara-se? Uma interrogativa permitia a divagação de mais hipóteses. O que aqueles olhos claros lhe indagavam naquele momento? A que aspiravam? Sua condição era ignota naqueles pensamentos. O que estava acontecendo? Levantou-se a explicar as questões e a turma verificava as correspondências de suas falas com as escritas na folha dos cadernos. Queria ele certificar-se do que agora andava pousando em sua mente; haveria também uma correspondência por parte dele diante da delicadeza e paixão daquelas luminosas claridades, daquele sorriso admirador? Admirador e admirável como nunca fora antes. Assustou-se num atino de que tudo o que pressentia poderia ser apenas um reflexo do que assistia entre o físico e a indefinida música captada naquele instante. Droga! Tudo uma confusão! Se fosse... tarde demais para destrancar as imagens deixadas, porque a chave sorrateiramente escapou para o coração - lugar difícil de controle, lugar de dificílimo acesso. As tentativas de esvaziar a mente, os exercícios de auto-controle, nada produziu a química que arrombaria o esconderijo pulsante da designação... Plantara-se a ideia e ela agora crescia em solo fértil.