Jonas Furtado
Uma gaveta de escritos em rede
Textos
SOU PROFESSOR
Pronto, professor... Assim ele se viu depois do curso de magistério. Convidado a dar aulas numa comunidade, percebeu que o labor não teria o mesmo sabor dos testes do estágio, da aventura sonhada, da profissão alcançada... Foi. Contratado da rede municipal, o desânimo veio mesmo com os salários atrasando, com material faltando; ah, professor! Em passeio, um editor da capital soltou a palavra “abnegado”, isso mesmo, você é um abnegado! E os dias de abnegação continuavam. Certa vez, cansado já de insistir, ainda tentou uma prosa com quem solucionaria ou levaria o caso para uma remediação. “Senta aqui e espera. Toma uma água gelada, professor.” Depois, senhora coordenadora pedagógica de então resumiu nas palavras francas: “Não está contente? Muda de profissão! Não está contente? Muda de cidade!”; e a água gelada chegava ao estômago como um soco pesado. Nosso mês continha quarenta e cinco dias – e a cada dois desses eram três meses do calendário daqueles anos tais, sofríveis. “Abnegado!”. “Amor à profissão”, disse outro. “É um sacerdócio!”, o religioso. “Muda de cidade!”; e o peso da lembrança que deveria levá-lo a chutar o pau da barraca o fazia mais refletir... Por que devo me mudar da minha cidade? O que estava errado? A cidade? Eu? Então seguia na meditação. O prefeito foi roubado novamente, sem verba pra pagar funcionários! O que fazer?! História que se repetia. Errados estão os que administram o erário público! Abnegado, amor à profissão, sacerdócio. Clique! Mudou a dimensão da linha que seguia e caiu no paralelo de um mundo ideal. Professor, professorar... Ensinou a votar. Então, veio o contra-ataque: encomenda de escola sem partido. O único partido da escola: a vida; e para se viver é necessária a dignidade da ‘pessoa humana’. Dignidade! Bandeira posta. E o orgulho nasce com a frase “Eu sou professor” nesse mundo paralelo de meu Deus.
Pronto, professor... Assim ele se viu depois do curso de magistério. Convidado a dar aulas numa comunidade, percebeu que o labor não teria o mesmo sabor dos testes do estágio, da aventura sonhada, da profissão alcançada... Foi. Contratado da rede municipal, o desânimo veio mesmo com os salários atrasando, com material faltando; ah, professor! Em passeio, um editor da capital soltou a palavra “abnegado”, isso mesmo, você é um abnegado! E os dias de abnegação continuavam. Certa vez, cansado já de insistir, ainda tentou uma prosa com quem solucionaria ou levaria o caso para uma remediação. “Senta aqui e espera. Toma uma água gelada, professor.” Depois, senhora coordenadora pedagógica de então resumiu nas palavras francas: “Não está contente? Muda de profissão! Não está contente? Muda de cidade!”; e a água gelada chegava ao estômago como um soco pesado. Nosso mês continha quarenta e cinco dias – e a cada dois desses eram três meses do calendário daqueles anos tais, sofríveis. “Abnegado!”. “Amor à profissão”, disse outro. “É um sacerdócio!”, o religioso. “Muda de cidade!”; e o peso da lembrança que deveria levá-lo a chutar o pau da barraca o fazia mais refletir... Por que devo me mudar da minha cidade? O que estava errado? A cidade? Eu? Então seguia na meditação. O prefeito foi roubado novamente, sem verba pra pagar funcionários! O que fazer?! História que se repetia. Errados estão os que administram o erário público! Abnegado, amor à profissão, sacerdócio. Clique! Mudou a dimensão da linha que seguia e caiu no paralelo de um mundo ideal. Professor, professorar... Ensinou a votar. Então, veio o contra-ataque: encomenda de escola sem partido. O único partido da escola: a vida; e para se viver é necessária a dignidade da ‘pessoa humana’. Dignidade! Bandeira posta. E o orgulho nasce com a frase “Eu sou professor” nesse mundo paralelo de meu Deus.
Jonas Furtado
Enviado por Jonas Furtado em 28/12/2019
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