O NOVO E O VELHO
Ouvi certa vez de uma genitora repreendendo a filha que, quando a tivesse nas mãos, seria a hora da desobediente pagar “o novo e o velho!”. A dívida da filha para com a mãe só me foi possível compreender devido à rebeldia que presenciei. Mas não é minha intenção discorrer acerca de enunciados dentro de contextos etc. e tal, quem sabe exemplificar... A dizer e pensar, nem tinha em mente relatar isso. Agora quero uma ponte unificadora deste com o parágrafo seguinte. Veio-me uma canção da Legião Urbana a me encorajar; continuei na tentativa de vencer o desafio, porque considerei poética a tentativa de rima entre as palavras “romã” e “travesseiro”: quero a minha nação soberana também. Talvez pudesse, rimaria “manga” daqui com “lição”. Que (d)efeito teria?, não sei. Aconteceu que meus dedos ágeis no teclado de meu ‘notebook’ causou a admiração de dois discentes adentrados na sala dos professores: “Como o senhor consegue teclar usando todos os dedos?!”, perguntou um. “Acho bonito quem consegue teclar assim, é charmoso”, inteirou a outra. O primeiro emendou, dizendo que manuseava a tecnologia apenas com os indicadores e um polegar. Pronto: a liga que eu pedira surgiu assim (médio e polegar se atritaram num clique de aprovação)! A nossa (fruta) no fruteiro não substituiria a romã?, e o normal era aquele garoto mangar dos experientes a modo de que estes não se adaptassem à velocidade do mundo dito pós-moderno.
_ Aulas de datilografia nos anos 90.
_ O que é datilografia, professor?, a cara em jeito de riso. Apontei para meu note a sua frente.
_ Isto você conhece?
_ Sim, um computador. Convidei-o a ir até a secretaria da escola, quatro metros, calculo, de onde estávamos. Apontei para a máquina ainda em uso pelo secretário auxiliar da escola.
_ E isto, você sabe o que é?
_ Sim, uma máquina de datilografia velha que nem mais se usa hoje em dia.
_ Pois, sim. Esta ainda está em uso (cara de surpreso)! Associada a frase “Aulas de datilografia nos anos 90” ao instrumento concreto à frente, o rapaz se vangloriou:
_ Não é do meu tempo, coisa de velho. Não preciso de aulas para digitar no computador! Já nascemos sabendo digitar.
_ E com apenas três dedos, que interessante! Agora sim, pensei, esse me paga “o novo e o velho”. Resisti. Argumentaria ao novo que tentasse sobressair-se, num momento de veloz precisão, com aquele artefato do século passado, ou algo assim... Apenas comentei que o velho aqui se adaptava ao novo e ainda esbanjando charme. A dupla avivou um aêeee!, e voltei para terminar esta crônica.